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Desigualdade educacional persiste e Paraíba segue entre os estados com maior taxa de analfabetismo do Brasil

A Paraíba enfrenta um grave desafio estrutural quando o assunto é educação básica. De acordo com os dados mais recentes divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o estado ocupa a terceira colocação entre as unidades da federação com maior taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais. A pesquisa, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com dados colhidos em 2024, revela que 12,8% da população paraibana nessa faixa etária ainda não sabe ler ou escrever. Apesar da leve redução em comparação a anos anteriores, a Paraíba permanece em uma posição de destaque negativo nesse ranking nacional.

A persistência da Paraíba entre os três estados com maior taxa de analfabetismo é reflexo de décadas de negligência em políticas públicas efetivas voltadas para a educação de base, principalmente nas áreas rurais e nas periferias urbanas. Embora tenha havido uma redução em relação ao ano de 2016, quando o índice chegava a 15,4%, a queda de 2,6% em oito anos ainda é considerada lenta para reverter um cenário crônico que limita o desenvolvimento social e econômico do estado. O dado coloca a Paraíba atrás apenas de Alagoas e Piauí, ambos também localizados na região Nordeste, a mais afetada historicamente pelos baixos índices educacionais.

A elevada taxa de analfabetismo na Paraíba traz implicações diretas na qualidade de vida da população, refletindo-se no mercado de trabalho, no acesso à informação e na autonomia dos indivíduos. O analfabetismo é um indicador de exclusão social profunda e a Paraíba, com 12,8% de sua população jovem e adulta incapaz de ler e escrever, demonstra a urgência de políticas públicas mais agressivas para erradicar essa condição. Programas de alfabetização em larga escala, parcerias com instituições comunitárias e investimento contínuo em formação de professores são medidas que precisam ser fortalecidas com urgência.

Outro dado alarmante revelado pela pesquisa do IBGE diz respeito à taxa de analfabetismo entre os idosos da Paraíba. Entre as pessoas com 60 anos ou mais, o estado aparece na quarta colocação nacional, com 33% da população nessa faixa etária ainda sem saber ler e escrever. Apesar de representar uma melhora em relação ao índice de 42,2% registrado em 2016, essa redução de 9,2% em quase uma década ainda expõe um enorme passivo social. Essa geração foi marcada por falta de acesso à escola e por décadas de abandono do poder público, o que reforça a responsabilidade do estado em promover ações de alfabetização voltadas também para essa população.

O dado sobre o analfabetismo entre idosos na Paraíba confirma que o problema não é apenas educacional, mas estrutural. Trata-se de uma herança de desigualdades acumuladas ao longo do tempo, que precisa ser enfrentada de forma intersetorial. A Paraíba tem uma das maiores populações idosas do Nordeste, e o alto índice de analfabetismo nessa faixa etária compromete o envelhecimento ativo e digno. O acesso à informação, à tecnologia e até aos serviços de saúde fica comprometido quando o indivíduo é analfabeto, o que aumenta sua vulnerabilidade e dependência.

A situação da Paraíba entre os estados com maior taxa de analfabetismo também impacta negativamente o desempenho educacional geral dos estudantes mais jovens. Muitos filhos de pais analfabetos enfrentam dificuldades extras em casa para acompanhar os estudos, o que pode perpetuar o ciclo de exclusão. A reversão desse quadro exige planejamento estratégico a longo prazo, com políticas de combate à evasão escolar, aumento da escolaridade média da população e criação de oportunidades reais de acesso à educação em todas as etapas da vida.

A Paraíba precisa investir fortemente na erradicação do analfabetismo como prioridade de governo. A redução progressiva dos índices deve ser uma meta contínua da gestão pública, aliada ao fortalecimento do ensino básico e da educação de jovens e adultos. A desigualdade de acesso à educação entre as regiões do estado também deve ser enfrentada com estratégias específicas para o semiárido e o interior, onde a taxa de analfabetismo é ainda maior do que na capital e nas cidades do litoral.

Estar entre os estados com maior taxa de analfabetismo compromete o futuro da Paraíba em diversas dimensões. Não se trata apenas de um problema educacional, mas de um entrave ao desenvolvimento humano e à cidadania plena. A alfabetização é uma porta de entrada para o conhecimento, para o mercado de trabalho qualificado e para o exercício da democracia. Para mudar esse cenário, a Paraíba precisa mobilizar sociedade civil, governos, empresas e instituições de ensino em torno de um grande pacto estadual pela alfabetização e pela educação de qualidade. Somente assim o estado poderá superar esse triste ranking e oferecer oportunidades reais para todas as gerações.

Autor: Vlasov Gogh