A deputada federal paraibana Luiza Erundina recebeu uma das maiores honrarias acadêmicas na última sexta-feira, ao ser agraciada com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A cerimônia, realizada no auditório da Reitoria da UFPB em João Pessoa, celebrou a vida e a luta de uma mulher que, natural de Uiraúna, no Sertão paraibano, teve sua trajetória marcada por coragem e determinação. Luiza Erundina, que sonhava em lecionar na universidade onde se formou assistente social, viu sua carreira acadêmica interrompida pela perseguição da ditadura militar, mas construiu, a partir disso, uma carreira política sólida e respeitada.
Antes de se tornar a figura política conhecida em todo o Brasil, Erundina iniciou sua caminhada na UFPB, onde cursou Assistência Social e almejava integrar o corpo docente do Departamento de Ciências Sociais. Seu futuro promissor, contudo, foi drasticamente alterado pela repressão do regime militar dos anos 1970, que a perseguiu por sua militância em prol da reforma agrária e das causas camponesas. Pressionada e ameaçada, ela foi forçada a deixar o Nordeste e buscar refúgio em São Paulo, onde daria novos passos em sua vida pública e política.
A deputada não esquece suas raízes e faz questão de lembrar que sua luta está profundamente ligada à realidade do Nordeste. Em seu discurso na UFPB, Erundina destacou que “o problema do Nordeste não é a seca, mas sim o latifúndio improdutivo”, uma frase que resume seu compromisso histórico com a justiça social e a defesa dos direitos dos mais vulneráveis. Essa consciência a acompanhou durante toda a sua vida, influenciando sua atuação como parlamentar e como defensora dos direitos humanos.
Após a saída do Nordeste, Luiza Erundina iniciou sua trajetória política em São Paulo, onde foi eleita vereadora e, posteriormente, deputada estadual. Sua carreira ganhou projeção nacional quando, em 1988, se tornou a primeira mulher a ocupar a prefeitura da maior cidade do país, São Paulo. Durante seu mandato, pautou políticas sociais voltadas para a população mais pobre, reafirmando sua identidade e compromisso com os menos favorecidos.
Hoje, aos 90 anos, Erundina permanece ativa no cenário político, exercendo seu sétimo mandato consecutivo na Câmara dos Deputados. Sua longevidade política e influência demonstram a força de uma mulher que nunca abandonou suas convicções, mesmo diante de grandes adversidades. O título de Doutora Honoris Causa concedido pela UFPB é, portanto, um reconhecimento justo e tardio de sua contribuição para a política, a educação e a defesa dos direitos sociais.
A cerimônia marcou mais do que um reconhecimento formal; simbolizou a vitória da persistência e da coragem sobre as sombras da repressão. Para os estudantes e para a sociedade paraibana, Luiza Erundina é um exemplo vivo de que o engajamento e a luta pelos direitos sociais podem transformar realidades, mesmo nas condições mais difíceis. Sua história inspira gerações a se levantarem contra as injustiças e a construírem um país mais justo e igualitário.
Este reconhecimento da UFPB também traz à tona o debate sobre a importância da memória histórica e da valorização daqueles que enfrentaram regimes autoritários para garantir as liberdades democráticas. Luiza Erundina é mais do que uma política; é uma referência de resistência, ética e compromisso social. Seu legado, agora eternizado pela universidade paraibana, continuará a influenciar os rumos da política e da sociedade brasileira.
Assim, a trajetória da deputada federal Luiza Erundina revela que o verdadeiro valor de uma vida pública está na defesa incansável dos direitos humanos e na capacidade de resistir às adversidades, mantendo-se fiel às suas origens e ao povo que representa. Este título de Doutora Honoris Causa da UFPB não apenas celebra seu passado, mas reforça seu papel como farol para o futuro do Brasil.
Autor: Vlasov Gogh
