Na movimentada cena política da Paraíba, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro protagonizou um momento decisivo ao declarar apoio público ao senador Efraim Filho, líder do União Brasil no Senado, em evento realizado na inauguração da nova sede do PL no estado. Este apoio, mais do que uma simples formalidade, simboliza a consolidação de uma aliança que redesenha o tabuleiro político paraibano e marca um claro rompimento do senador com o governo federal, comandado pelo presidente Lula.
Durante o evento, Michelle Bolsonaro não poupou palavras para defender a candidatura de Efraim Filho ao governo da Paraíba, ressaltando a necessidade de renovação e mudança na administração estadual. Em seu discurso para uma plateia fervorosa, a ex-primeira-dama destacou que a Paraíba precisa de líderes que compreendam a política como instrumento real de transformação social, apontando Efraim e Marcelo Queiroga, pré-candidato ao Senado, como os nomes que podem cumprir essa missão.
Esse gesto político teve consequências imediatas. Pouco depois, Efraim Filho anunciou oficialmente a devolução dos cargos federais que indicava no estado, como os da Codevasf e dos Correios. Essa devolução sinaliza claramente o afastamento do senador do atual governo, abrindo caminho para uma aliança no campo oposicionista, alinhada com a base bolsonarista. Segundo Efraim, os cargos eram técnicos e não políticos, e sua exoneração reflete o desgaste da relação com o Palácio do Planalto.
O apoio de Michelle Bolsonaro e o anúncio de Efraim Filho indicam uma nova estratégia para o União Brasil na Paraíba, que até então mantinha um diálogo mais ameno com o governo federal. Agora, a sigla se posiciona de forma mais clara na oposição, enquanto se fortalece a aliança com o PL e o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse movimento altera significativamente o cenário eleitoral estadual, especialmente diante da gestão atual do governador João Azevedo, do PSB.
No discurso, Efraim Filho não poupou críticas ao Supremo Tribunal Federal, questionando decisões judiciais que considera injustas, especialmente no que diz respeito ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Ao mesmo tempo, ele reafirmou sua oposição ao governo Lula, reforçando seu posicionamento político conservador e sua ligação com a base bolsonarista. Essa postura tende a atrair o eleitorado de direita, que busca uma alternativa ao projeto atual do país.
As reações a essa movimentação política foram rápidas e intensas no campo da esquerda paraibana. Lideranças do PT criticaram a mudança de postura do senador, apontando a incoerência de um político que antes dialogava com o governo e agora se alinha à oposição radical. Para o secretário estadual da Juventude, Pedro Matias, essa postura dúbia evidencia a falta de firmeza e compromisso do senador com o eleitorado, o que alimenta debates acalorados no cenário político local.
No contexto nacional, o posicionamento do União Brasil reflete as tensões internas do partido, que ocupa ministérios no governo Lula, mas demonstra fragilidade e divisão em sua estratégia eleitoral para 2026. O apoio a nomes ligados ao bolsonarismo, como o ex-presidente ou seus aliados, coloca o partido em um momento de transição, com possibilidades de alianças que podem influenciar profundamente o futuro político do país e do estado.
Assim, o apoio oficial de Michelle Bolsonaro a Efraim Filho e a devolução dos cargos federais representam mais do que uma simples mudança política na Paraíba. Eles sinalizam uma reorganização do campo conservador, com reflexos para o próximo ciclo eleitoral, e indicam a polarização crescente que marca o atual momento da política brasileira. Essa nova fase promete movimentar as estruturas políticas e redefinir o protagonismo na Paraíba nos próximos anos.
Autor: Vlasov Gogh